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Um estudo sobre as influências do vaqueiro e da fé católica na formação do município de Barras-PI

  • dilsonlages
  • 23 de mai.
  • 22 min de leitura

Atualizado: 25 de mai.





(*)Ana Ligia Torres Correia Lima


RESUMO


Este trabalho apresenta um estudo sobre as influências do vaqueiro e dos festejos da padroeira na formação do município de Barras, no Estado do Piauí. Objetiva fazer uma análise da construção da sociedade barrense, a partir de aspectos históricos relevantes do povoamento do Piauí, invariavelmente realizado através da inserção do gado como vetor da expansão econômica, social e cultural que culminou com o surgimento das fazendas e currais; processo determinante para Barras se organizar enquanto povoação.


Palavras Chave: Vaqueiro. Festejos. Cultura. Gado.


INTRODUÇÃO


Este trabalho aborda um estudo sobre a influência do vaqueiro e da fé católica na formação dos municípios e tem como objetivo geral fazer uma análise da construção da sociedade barrense. A pesquisa se constrói a partir de aspectos históricos proeminentes do processo de colonização do Piauí, constantemente realizado através da inserção do gado como vetor da expansão econômica, social e cultural que iniciou com o surgimento das fazendas e currais, e avançou enquanto povoação.


Nesse estudo, busca-se também compreender como surge à profissão do vaqueiro na região Nordeste e na cultura piauiense. Compete, entretanto, dentro do objetivo geral adotado, como fio condutor deste trabalho, abordar a profissão do vaqueiro no âmbito cultural e sua relevância para o município, dos primórdios de sua rica e festejada história aos dias atuais. Como elemento de destaque na ocupação e desenvolvimento da cidade de Barras, pretende-se abordar a presença do vaqueiro nos festejos de Nossa Senhora da Conceição, padroeira do povo barrense, cuja imagem é associada à procura de uma rês perdida, onde um vaqueiro anônimo teria encontrado a relíquia talhada em madeira, dentro de uma moita de tucunzeiro[1]


Conta à lenda que um vaqueiro, a procura de uma rés desgarrada encontrou uma pequena imagem de Nossa Senhora da Conceição talhada em madeira, dentro de uma moita de tucum, localizada onde hoje está erguida a igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição, em Barras. O vaqueiro levou o fato ao conhecimento de seu senhorio, rico fazendeiro, filho da província da Bahia, dono de vasta gleba de terra – Coronel Miguel Carvalho Aguiar – que, como obstinado católico, deu início a construção de uma capela, com a finalidade de homenagear a imagem da santa, encontrada pelo vaqueiro, isto no ano de 1749. Entretanto, o rico coronel faleceu antes do termino da edificação da capela. Com a morte do Coronel Miguel Carvalho Aguiar, o sobrinho e herdeiro Manoel da Cunha Aguiar, sob orientação do Frei Manoel da Penha e do Padre Gabriel Malagrida, deu continuidade a construção da capela, com ajuda de alguns fiéis. ( FILHO 2007 p.35)[2].


Para consolidar uma real relação do vaqueiro com a fundação do município de Barras, é importante colocar em posição de destaque o encontro da imagem da santa citada na narrativa de Antenor Rego, a criação de um cenário lúdico inferido no imaginário popular local, ideal para a criação do mito do vaqueiro em busca do gado perdido e daí surge a capela que dá origem aos festejos da padroeira, atraindo assim populares que iniciam o processo de ocupação no entorno da edificação do templo religioso . 


A capela tornou-se a base para a formação do núcleo de povoamento, a partir da Fazenda Buritizinho. Naquela época, já existiam algumas casas de telha e várias de palha. Sempre em torno das atividades religiosas. ocorreu o início do processo de urbanização. As primeiras famílias que chegaram as terras que hoje constituem o município de Barras foram oriundas de Pernambuco e da Bahia. Aqui chegaram para fazer morada os Aguiar, os Cunha, os Rabelos, os Correia, os Rodrigues, os Melos, os Castelo Branco, os Carvalho de Almeida, entre outras.

Ao introduzir inferência histórica à pesquisa, pretende-se reafirmar que a prática da criação de gado confunde -se com a formação e estruturação da sociedade barrense nos campos político, econômico e cultural. A cidade de Barras, como grande parte das vilas e povoados da época, nasce de um encontro emblemático entre um vaqueiro e a imagem de uma santa, no entorno de uma fazenda, com água e terras suficientes e capazes de suprir as necessidades dos rebanhos, propiciando dessa maneira expansão econômica com  a engorda e a facilidade de transporte do gado e o comércio da carne, do couro e de outros derivados, para os principais centros consumidores do país e até mesmo exportando para a Europa.


Para alcançar os objetivos da pesquisa, o estudo é constituído metodologicamente de uma pesquisa bibliográfica na qual se recorreu a obras de autores referentes à temática. Nesse sentido, foi importante o embasamento teórico de autores como Rego Filho (2007), Chaves (2013), Abreu (1988), Cunha (1993), Furtado (1963) entre outros. Também uma breve pesquisa junto à Igreja Católica, Paroquia de Nossa Senhora da Conceição pois tradicionalmente o vaqueiro apresenta destaque nas festas da padroeira do município de Barras, tendo um dia de sua novena dedicado exclusivamente para esta figura.  Este trabalho visa contribuir para um melhor entendimento acerca da formação do município de Barras, que tem como três pilares fundamentais a fé católica, o rio e a figura do vaqueiro através da pecuária. Desse modo, o trabalho desenvolvido tem a intenção de ressaltar a importância social que o vaqueiro possui na formação deste município e também nas festividades da padroeira.


O recorte temporal da pesquisa aborda todo o período histórico do século XVII, início da povoação das terras do Piauí, com a instalação dos primeiros currais e fazendas, aos dias atuais, destacando a fundação de Barras e o vaqueiro como sendo personagem marcante na cultura, religião e símbolo da organização social barrense.


Em relação à abordagem que se faz da história local, são mencionados casos relevantes da participação do vaqueiro na formação da sociedade piauiense em geral, em especial na fundação de Barras, na participação das lutas, vitórias e compromissos com atividades de cunho cultural e econômica, além de ações que definem o seu fazer profissional, com um olhar crítico sobre a realidade no entorno da qual o simbologia do vaqueiro surge, como um ser forte e destemido.


A discussão e as abordagens inseridas no processo de pesquisa têm origem no quadro qualitativo, vez que a mesma é materializada na abordagem direta da pesquisa com os meios nos quais são colhidas as informações, ou seja, a matéria é extraída de referências bibliográficas e comparadas com as realidades da zona rural e urbanas de Barras, através do olhar cotidiano. Em se tratando da abordagem dada aos fatos históricos, cabe ainda frisar que o contexto citado se espraia do povoamento das terras piauienses e perpassam as datas limites de 1749 e 1804, quando Barras começa ser desbravada e povoada, principiando seu caminho como núcleo social ligado aos coronéis e vaqueiros.


É importante frisar que a análise documental e de outras matérias pesquisadas ajudaram no desenvolvimento deste trabalho. Para que os caminhos teóricos fossem encontrados, diante da metodologia proposta, as consultas de campo em conversas informais, colhidas no ambiente local, foram carro-chefe ao entendimento dos fatos atribuídos à importante participação do vaqueiro no desenvolvimento da história da cidade de Barras PI. Ao colocar todas essas passagens históricas na pesquisa, pretende-se reafirmar que a prática da criação de gado se confunde com a própria formação da sociedade piauiense em sua multiplicidade de aspectos.


A cidade de Barras PI, como a maioria irrefutável das vilas do período de colonização semeadas em todo o território piauiense, nasce de um processo emblemático, erguendo-se no entorno de uma fazenda com curral, aguadas e terras capazes de suportar os inúmeros rebanhos, propiciando a engorda e a facilidade de transporte da carne, couro e outros derivados para os principais centros consumidores. Para justificar a relação do vaqueiro com o surgimento de Barras é importante salientar a descoberta da imagem de Nossa Senhora da Conceição, dentro de uma moita de tucunzeiro, quando o mesmo campeava uma vaca perdida, cenário ideal para a construção do mito e o levante da capela que, mais tarde, irá motivar os festejos da padroeira, que também será elevada à condição de herdeira direta de todas as terras no entorno da casa grande, num raio de uma légua.


O PROCESSO DE POVOAMENTO DO SERTÃO E AS FAZENDAS DE GADO


O cotidiano do vaqueiro, personagem principal do nosso trabalho, vive no espaço tradicionalmente conhecido como “sertão”. Segundo Pimentel[3], o Sertão é abordado sempre com uma ideia de lugar afastado, distante, terra sem lei, local sem recursos, sempre colocado em contraposição ao litoral e à cidade, por visto em oposição à noção de civilidade, o sertão foi sendo assim imaginado e construído, a partir de 1500 até meados de 1930, por boa parte do imaginário popular e pensamento coletivo. O povoamento dos antigos sertões brasileiros durante o período Colonial teve como principal fator econômico a expansão açucareira que foi responsável pela implantação e desenvolvimento da pecuária de subsistência e teve papel importante no fornecimento de alimentos, força motriz e meio de transporte para a sobrevivência dos engenhos de cana de açúcar.


Entretanto, essas economias, a pecuária e a açucareira, possuíam características e dinâmicas diferentes. Desse modo, a criação do gado teve de se deslocar das proximidades litorâneas onde se localizavam os engenhos e abrir caminhos para o interior dos sertões, visto que esta atividade era contrária aos interesses dos senhores de engenho e, por conseguinte, da coroa portuguesa, que por uma carta régia coibia a criação do gado a dez léguas da costa. Segundo Capistrano de Abreu:


O gado vacum dispensava proximidade da praia, pois as vítimas dos bandeirantes a si próprio transportavam das maiores distâncias e ainda com mais comodidade; dava-se bem nas regiões impróprias ao cultivo da cana, quer pela ingratidão do solo, quer pela pobreza das matas sem as quais as fornalhas não podiam laborar. Pedia pessoal diminuto, sem traquejamento especial, considerando alta valia num país de população rala. Quase abolia capitais, capital fixo e circulante a um tempo, multiplicando-se sem interstício. Fornecia alimentação constante, superior aos mariscos, aos peixes e outros bichos de terra e água, usados na marinha. De tudo pagava-se apenas em sal; forneciam suficiente sal os números barreiros dos sertões (ABREU, 1988p.130) [4].


A pecuária acabou sendo favorecida por esse deslocamento devido a extensão de terras disponíveis e condições para a criação de gado. Essas terras eram conseguidas facilmente, bastava um pedido informal expressando o desejo de ocupação por parte dos posseiros para que a doação das terras acontecesse se formando imensas fazendas de gado. No entanto, a concessão de terras era muito superior à capacidade de exploração. Segundo Mott: 


[...] deve-se não somente à cobiça dos fazendeiros, desejosos de possuírem grandes glebas, mas também à necessidade inerente à dinâmica da pecuária extensiva que requer áreas de bom tamanho, dado o baixo nível técnico da exploração e a rarefação das pastagens nos períodos de estiagem (MOTT, 1985 p.140)[5].


 Mesmo tendo se constituído no período colonial como uma atividade secundária e inicialmente inferior a produção açucareira e a mineração, a pecuária ganhou cada vez mais espaço no cenário social e econômico do Brasil, segundo advoga Sérgio Buarque de Holanda: “A pecuária constituiu, além da mineração, é óbvio a única atividade econômica rendosa para os sertões, pois o gado a si próprio se transportava”[6]. A disponibilidade de mão de obra para o trabalho nas fazendas não enfrentou muitas dificuldades. Era um ramo muito atrativo, sobretudo para aqueles que possuíam poucos recursos, pois o homem que aceitava trabalhar nas fazendas de gado recebia uma cria em quatro nascidas, podendo iniciar a sua própria criação e assim subir socialmente. 


Além do trabalho no engenho de açúcar, para suprir as necessidades mais básicas da vida cotidiana da população, o gado surge servindo como fonte de renda no comércio local, como ressalta Celso Furtado: 


O couro substitui quase todas as matérias-primas evidenciando o enorme encarecimento relativo de tudo que não fosse produzido localmente. Esse atrofiamento da economia monetária se acentua na medida em que aumentam as distâncias do litoral, pois dado o custo do transporte do gado, em condições de estancamento do mercado de animais, os criadores mais distantes se tornavam submarginais. Os couros passaram a ser a única fonte de renda monetária destes últimos criadores (FURTADO ,1963 p,133)[7].


Tentando um melhor entendimento dessa abordagem, foi preciso mostrar a realidade vivenciada pelo Estado, antes mesmo da chegada dos colonos, e alguns motivos que levaram homens a abdicarem de suas origens e se aventurar por terras desconhecidas, até então, do sertão piauiense. Importante frisar que quase nada se sabe sobre o Piauí, antecedente ao século XVII, a não ser que em suas terras viviam tribos indígenas que não conheciam os hábitos e os costumes dos colonos, e que isso gerou conflitos de grandes proporções , muitas dessas terras eram copiosas em águas e solos férteis com pastagens propícias à criação extensiva de gado sem muitas intempéries climáticas e a vegetação formada muitas vezes pela caatinga. E é na região norte do Piauí, onde se encontram as terras de Barras, caso deste estudo. Chaves relata:


Para a parte norte confina estas com a costa do mar, correndo do Ceará para o Maranhão, para a qual tem dois caminhos, abertos ambos no ano de 95, um vai ao Maranhão e o outro à Serra da Guapaba, à qual tem ido moradores, e em companhia de alguns vieram os Padres da Companhia de Jesus, que nela assistem, fazer missão a esta povoação em o mês de dezembro próximo passado de 96, e se recolheram à serra em janeiro de 97... O documento é datado de 2 de março de 1697(CHAVES, 2013 p.125)[8].


O combate aos nativos, pela Casa da Torre, iniciado em 1674, culminou com o massacre e expulsão dos mesmos, na região do São Francisco, nos limites do sul do território piauiense. A Carta Régia de 1701 é outro fator que influenciou categoricamente na expansão da pecuária em direção ao Piauí, pois por este instrumento a coroa portuguesa determinou que os criadores retirassem os seus rebanhos, no prazo de um mês, para o interior, observando a distância de dez léguas. Essa vontade da metrópole surge como proteção à expansão da economia açucareira, em Pernambuco, e termina influenciando toda a região e entorno que conforme Celso Furtado “teria de acarretar consequências para as demais regiões”[9].


Os detalhes inseridos nesta pesquisa servem para reforçar a tese da expansão bovina em direção aos Sertões de Dentro, como era chamado o incógnito Piauí da época, tendo como resultado a descoberta de áreas mais aprazíveis que possibilitou que alguns fazendeiros com escravos e vaqueiros, construíssem ali seus currais e fazendas, células embrionárias de muitas cidades, como Barras, que surgiu dentro desse contexto histórico, econômico, cultural e social.


A política que guiou, naquele período, o uso dos sertões pelos rebanhos de gado e instalação das fazendas é a mesma que vem assegurar o controle dessas terras por parte de ricos proprietários, agora denominados de sesmeiros, pelos governos provinciais, sob o comando da Coroa Portuguesa. Esses domínios territoriais passam então para o poder de uns poucos latifundiários que dispunham dos recursos, não para o desenvolvimento social, agrícola ou quaisquer outras atividades produtivas, mas para serem transformados em pastagens utilizadas para alimentação dos imensos rebanhos. Com essas modificações, surgem os coronéis e o regime político que marca esse sistema na transição entre o Brasil Colonial e o Império. Abordando esse assunto, ainda muito atual e em amplo debate no Piauí, consequentemente em Barras, onde o processo de ocupação não se deu de forma diferente, Barbosa Lima Sobrinho, estudioso e pesquisador renomado da história da colonização nas terras do Piauí, lembra que:


Quando se fizer a história territorial do País, sobretudo na região nordestina, há de se verificar: 1) que os domínios reivindicados pelos potentados são muito mais extensos que as necessidades dadas: 2) que foi insignificante a proporção de sesmaria dadas aos povoadores efetivos da terra. Na história do devassamento do Piauí, esses fatos se patentearam de maneira mais precisa do que em qualquer outro episódio da conquista de nosso território. A concessão de sesmarias beneficiava a potentados baianos, nenhum dos quais pensaria em transferir as suas residências para essas paragens quase bravias. Domingos Afonso Mafrense, Julião Afonso Serra, Francisco Dias d’Ávila, Bernardo Pereira Gago, Arcediago Domingos de Oliveira Lima, Catarina Fogaça, Pedro Vieira de Lima, Manuel Ferreira, Manuel de Oliveira Porto não teriam, por certo, nenhuma ideia de morar ou trabalhar nos descobertos do Piauí, como não a teria aquele Garcia d’Ávila Pereira, que em 1684, com quatro ou cinco anos de idade, já se inscrevia como titular de sesmarias nas margens do Gurguéia e do Parnaíba(SOBRINHO,1972 p.141)[10]


O elemento vaqueiro, desde o princípio do processo de colonização, vai ser trabalhado por pesquisadores e estudiosos do assunto como figura singular para o desenvolvimento de um modo geral, do Piauí, e buscando o espaço mais específico desta pesquisa, o município de Barras, observamos que sua atuação dentro do processo transformador do sertão, enquanto agente cuidador de gado e guardador do espaço  físico das fazendas, que se reflete na construção da cidadania do povo barrense, através do fortalecimento econômico e cultural.


UM BREVE HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE BARRAS 


Barras está localizada no centro de seis barras de rios e riachos, o que deu origem ao seu topônimo. Segundo Fonseca Neto, “No nordeste brasileiro um dos significados da palavra BARRA diz ser ela a confluência de um rio e riacho. Barras é o seu plural. E é exatamente o que exprime o sugestivo polinômio BARRAS”.[11]·. Barras localiza-se na bacia hidrográfica do Rio Longá e é banhada também pelo Rio Marataoã, além de vários riachos. Boa parte da cidade está na margem esquerda do Marataoã.


Em se tratando de Barras, a fazenda Buritizinho estava situada em zona privilegiada coberta por matas de cocais, muitos buritizais, carnaubais, cerrado e uma pequena quantidade de caatinga, características da transição entre a Amazônia. Conforme estes relatos o fundador da cidade, coronel Miguel Carvalho de Aguiar, baiano de nascimento, saiu da região das barrancas do São Francisco e se arrisca na travessia do sertão, para instalar a sede do seu domínio territorial no vale do Longá, mas especificamente onde este rio encontra-se com o Marataoan, uma área rica de pastagens e solos férteis.


A história se mistura com a lenda no momento em que um vaqueiro anônimo encontra a imagem entalhada de Nossa Senhora da Conceição nos arredores da Fazenda Buritizinho e a oferece a seu senhor, um rico fazendeiro, possuidor daquelas terras, baiano Miguel de Carvalho Aguiar, católico por devoção fervorosa decide que esta santa se tornará a padroeira daquele lugar e  manda construir em homenagem à santa, uma capela, dentro da fazenda no local onde a imagem foi encontrada. Desse modo. dá-se a importante contribuição do vaqueiro na construção da base religiosa da sociedade barrense. A imagem encontrada e a capela construída vão orientar o desenvolvimento urbano de Barras, inclusive as feitorias rurais. Mais tarde, após o falecimento do coronel Miguel Aguiar, as terras e quase tudo que há em cima destas no tocante aos animais, passam para o domínio da Santa, Antenor Rego Filho nos revela que:


Borges Leal assumiu a administração do patrimônio da Santa, em virtude do falecimento de Manoel da Cunha Carvalho, A pintura das portas foi contratada por Borges Leal por cinquenta mil réis. Estava, pois, concluída, em 1806, a capela, iniciando-se, assim, o povoamento. A fazenda Buritizinho dava lugar à “POVOAÇÃO DAS BARRAS”(FILHO, 2007 p.35)[12]


Neste caminho, beirando o mítico e povoando o imaginário popular, a localização da cidade e o seu crescimento, a partir da fundação da capela, deram-se de certo modo, pela influência do vaqueiro, pois a evolução de todo esse processo de urbanização e de todas as coisas que se sucederam à fundação, aconteceram por empenho do vaqueiro, na trabalho incansável para aumentar as riquezas do município, seja nos cuidados com os rebanhos, a produção dos derivados dessas criações e sua procura para comercialização com os principais centros consumidores dos produtos. Foram surgindo pequenos sítios e fazendas menores, tocadas geralmente por vaqueiros que constituíam família e retiravam a parte que lhe cabia como pagamento pelo cuidado da criação, crescendo e contribuindo para diminuir o tamanho dos latifúndios dos grandes proprietários de terras, contribuindo para o aumento populacional, fazendo surgir novas fazendas, diversidade e rotatividade das atividades produtivas, econômicas e sociais.


Aos poucos, a povoação ganha características de Vila. Antenor Rego Filho em sua obra Barras Histórias e Saudades aborda um oficio do Presidente da Província do Piauí, de setembro de 1826, onde requere ao Governo Imperial que se fundasse uma Freguesia no local, como também o povoado ali existente fosse elevado à categoria de Vila:


A povoação das Barras é formoseada pela natureza com um rio abundante de peixes, que vai lançar suas águas no caudaloso Parnahíba, com grandes matas que compreendem várias feitorias de algodão, mandioca, e outras gêneros, suas madeiras em maior parte são cedros e outros paus de construção além de belos edifícios e boa igreja que fazem digna de melhor sorte. Esta povoação, dista de Campo Maior 16 léguas, porém o seu distrito por essa parte excede a 30, que dificultam aos fazendeiros procurarem os recursos necessários onde existem as autoridades. (FILHO,2007p.36)[13] 


No ofício registrado pelo historiador, muitas das novas atividades que vão surgindo para complemento de vida, têm no vaqueiro sua inspiração, dado o dinamismo cultural que envolve sua imagem e pelas condições de vida desse sertanejo a partir desse momento histórico. Fé e devoção são elementos essenciais nesse processo formador da identidade local e cultural do povo barrense, pondo a religiosidade como a base que ampara esse começo de unidade, despontada na tradição anual dos festejos da padroeira e outras práticas típicas da região, aprofundadas na simbologia do vaqueiro, enquanto homem simples e defensor da vivencia do campo como um espaço plural e gerador de oportunidades. Ao observar a presença do vaqueiro na formação da sociedade barrense e partindo do objetivo geral deste trabalho, pode-se concluir, que desde o princípio do processo de desbravamento e colonização, sua participação foi fundamental na transformação social, sempre lembrado dos atos religiosos como um agente de atração popular, guardião da verdadeira identidade da cultura do povo, humilde e trabalhador como é o trabalhador do campo.


Pode-se afirmar que o vaqueiro é um profissional a serviço do fortalecimento da cultura e da economia local. Este trabalho remete à figura do vaqueiro, na posição de um homem que busca preservar a tradição sertaneja secularmente vinculada ao projeto expansionista do gado em todo território do Piauí, sendo de suma importância para o surgimento em especial de Barras, campo desta pesquisa mas também de outros municípios, enquanto povoação, freguesia, vila e cidade, um lugar encravado em uma região de transição no norte piauiense, banhada por rios e riachos, que busca se fortalecer e preservar cotidianamente os aspectos cultural, social, econômico e político dessa gente.


Compreender a importância do vaqueiro, como profissional e agente cultural, no cenário da formação e desenvolvimento do município de Barras, como um dos objetivos específicos da pesquisa, requer mergulhar na histórica façanha do desbravamento e povoamento do território piauiense, como esclarece a historiadora Claudete Dias “O vaqueiro não era um trabalhador comum e o “status” de vaqueiro atraia todos, a maior felicidade consistia em merecer algum dia o título de vaqueiro”[14]


Desse modo, é edificado o processo de profissionalização do vaqueiro barrense na formação do município. Além disso é preciso definir que tipo de relação havia entre o vaqueiro e o fazendeiro, quase sempre movida pela cultura da paz, respaldada no princípio da cordialidade e da confiança.  Nesse espaço histórico, os valores propagados são os da honestidade e fidelidade de um para com o outro, a quebra da palavra dada, invariavelmente levava à discórdia. O vaqueiro, normalmente assumia o papel de administrador, usando desse direito para comandar as tarefas, sendo o responsável por cuidar dos animais e de todos os homens envolvidos nas tarefas diária com as terras.


 Ainda é valioso ressaltar que não existia um senso jurídico, como hoje, que regula as relações trabalhistas, entre patão e empregado, pois o trabalho do vaqueiro não era pago com dinheiro, mas como percentual de crias nascidas vivas no rebanho sob seus cuidados, e com acordos formalizados e confiados na palavra dada.   Por isso, é que nessas negociatas, a palavra tinha um valor muito grande, enquanto o inverso, como já foi dito, representava um conflito de valores morais, às vezes, políticos e sociais que fazia estremecer e ultrapassar as relações de amizade e laços criados.


O VAQUEIRO NOS FESTEJOS DA PADROEIRA DA CIDADE


Merece atenção especial, neste trabalho, o modo como a figura do vaqueiro influenciou e continua influenciando a religiosidade do povo barrense. O mito da imagem da padroeira encontrada entre espinhos em uma moita de tucunzeiro atravessa já quase dois séculos e continua a desafiar a própria história que o envolve. Ano após ano, as pessoas são embrulhadas por esse clima de fé, auxiliadas pela lenda na qual o vaqueiro aparece para o povo com a imagem da Imaculada Nossa Senhora da Conceição, a quem é dada o domínio material, espiritual e temporal sobre todas as coisas desta região. O trecho do testamento do coronel Miguel de Carvalho Aguiar, publicado nas páginas da obra de Antenor Rego Filho, é o relato que vem a confirmar essa parte da história de Barras:


“... e mais lhe deixou pelo amor de DEUS ESTE MEU SITIO DA CONCEIÇÃO DAS BARRAS, com todas os seus gados vacuns e cavalares que nele se acharem de meu ferro e sinal com todas e mais gado e miúdos, carneiros, cabras, porcos e tudo o mais, como também a metade das peças de prata, casa e mais trastes...”(FILHO,2007 p.47)[15] 


Todas estas terras e coisas que nela existiam são deixadas em patrimônio à Santa em testemunho da grande devoção do coronel pela padroeira, consagrada a partir da construção da igreja, onde foi guardado o relicário sagrado. A manifestação religiosa dos Festejos no formato cultural que ainda hoje, em parte, é preservado não seria possível sem a ilustre presença do vaqueiro que é um dos personagens centrais dessa festa. Dentre os eventos da programação anual dos festejos alusivos à Padroeira de Barras, Nossa Senhora da Conceição, período que vai do dia 28 de novembro à 8 de dezembro, a missa dos vaqueiros, celebrada na manhã do dia 6, é um dos pontos de maior encontro de fé, da tradição católica enraizadas no local e adotadas por essa gente.


Essa celebração da missa do vaqueiro tem origem dúbia, mas é pensamento recorrente, diante da falta de documentos, que a mesma nasceu da necessidade de se homenagear a capacidade desse trabalhador responsável pela ascensão econômica local na lida com a boiada e os fazeres na fazenda. Antes mesmo de o sol raiar, populares no geral, homens, mulheres, crianças e adolescentes, aos poucos invadem as praças e ruas da cidade, alguns vestem gibões, mocó (botas), peitoral e chapéus e em alguns casos alfoges de couro customizados. Dentre os fiéis, é possível distinguir aqueles que trabalham duro sob o sol escaldante do sertão. A procissão tem início e o andor é seguido por uma multidão que entoa hinos em louvor a padroeira, enquanto os vaqueiros acompanham majestosos e solenes em suas montarias, trotando no asfalto ou no paralelepípedo gasto, até o largo da Igreja, onde acontece o ato litúrgico dentro da Matriz.


Sobre os Festejos da Padroeira Antenor Rego Filho diz que:


Às cinco horas da tarde, é dado inicio ao cortejo. O mastro vai à frente, seguido pelo andor que carrega a imagem de Nossa Senhora da Conceição, acompanhada por enorme multidão. A banda segue tocando músicas sacras, a multidão cantando e rezando(...) O mastro chega à matriz por volta de dezoito horas, sendo recebido por verdadeiras chuvas de fogos de artifícios e foguetes.(FILHO,2027 p.230)[16]


O mito da imagem vai se resguardar na realidade histórica e cultural do vaqueiro sempre presente na vida do município, embora seja preciso dizer que, nos festejos, sua presença esteja mais associada a uma representação mais simbólica, já que a maioria dos presentes aparece ao evento apenas na qualidade de guardiões da tradição popular, de uma época distante da verdadeira profissão de campear rebanhos nos campos. Portanto, é legitimo destacar que a presença do vaqueiro ao longo dos anos, nos festejos alusivos á Nossa Senhora da Conceição, culmina com um ato, onde vaqueiros e curiosos se misturam em meio à celebração, formando uma multidão unida apenas pelo ato da fé, no saudosismo do ressurgimento e fortalecimento da profissão quase desaparecida em meio à evolução urbana.


CONCLUSÃO 


Este trabalho permitiu trazer uma análise da presença do vaqueiro na construção da sociedade barrense, a partir do estudo do processo de ocupação do território piauiense ocorrida a partir do século XVII. Nesse período, houve uma intensa campanha pela posse da terra, conflito este envolvendo índios e conquistadores portugueses, que procuravam novas áreas para implantar e expandir a pecuária, já que o governo português no Brasil, visando proteger a rudimentar indústria açucareira no litoral de Pernambuco e Bahia, determina que os rebanhos sejam retirados das regiões produtoras de açúcar e levadas para o interior, a uma distância de dez léguas.


Inicia, assim, o processo de ocupação do Piauí pela atividade agropecuária, bem como as relações sociais, culturais e econômicas, dentre as quais o vaqueiro se destaca e é visto quase como um herói pela luta árdua na lida com os rebanhos que correm os sertões do Piauí em todos as direções, contribuindo para a formação de vilas e cidades nos lugares com boa cobertura de água e pastagens férteis para servirem de alimentação aos animais.  Nesse contexto, tem origem a fazenda Buritizinho, célula embrionária da cidade de Barras, povoada a partir da chegada do coronel baiano Miguel Carvalho de Aguiar, à região do Vale do Longá. Percebe-se a partir daí que ao encontrar a imagem de uma Santa nos arredores da Fazenda, um vaqueiro anônimo passa a ter uma importância fundamental sobre as pessoas do lugar através de uma lenda que, ao longo dos anos, irá se transformar no ideário religioso de forte apelo sobre a sociedade barrense, com ressonância nos dias atuais.


Desse modo, conclui-se que a história do vaqueiro que encontra a imagem de Nossa Senhora da Conceição, em um primeiro momento, nos mostra também a necessidade de entender o ordenamento da profissão dessa figura popular, presente em todos os cantos do Nordeste, nesse cenário especifico da formação do município barrense. O desfecho desse entendimento nos permite avaliar que nas propriedades de Barras, em sua grande maioria, a profissão de vaqueiro, mesmo sem a cobertura legal de hoje, tinha muitos atrativos, pois se tratava de uma classe trabalhadora com um certo privilegio social.  Como ocorria em todo território dominado pela pecuária, permitia-se ao vaqueiro ter participação direta no fruto da produção do gado, vez que a cada quatro animais nascidos com vida, um era dado a ele pelo fazendeiro. Nas bibliografias consultadas para a realização deste estudo, constatou-se que essa partilha, ou seja, a divisão dos animais nascidas com pleno vigor físico, se tratava de uma formula primitiva de participação nos lucros da produção.


Destaca que é dado ao vaqueiro, enquanto administrador do rebanho sob seus cuidados, nas ocasiões dos partilhamentos, quase sempre, um brinde especial pelo trabalho realizado. Sendo normalmente presenteado com uma rês já velha, mas em bom estado, para que a mesma servisse de alimento para si e seus familiares. A somatória de todas essas coisas descortinadas no cotidiano do vaqueiro barrense deixa transparecer que sua profissão é um tema relevante da discussão sobre sua participação na formação da identidade cultural do povo local. Compreender e assimilar essa importância significa, irremediavelmente, mergulhar na história da evolução social dos barrenses desde o povoamento aos dias atuais.


Cabe destacar nas reflexões elencadas que a presença do vaqueiro nos festejos de Nossa Senhora da Conceição acontece entre altos e baixos, já que o dia 06 de dezembro, data da procissão e missa em homenagem a esse trabalhador, tem a participação dos não vaqueiros que, a cada ano, engrossa o rosário de fiéis no evento tido como tradicional. Observa-se, ao longo da pesquisa, que há pontos negativos na compreensão da problemática levantada, dentre estes o fato de que o vaqueiro, aos poucos, vem perdendo sua importância dentro da cadeia produtiva da pecuária local. Esse quadro negativo na economia local se agrava com a saída dos filhos e herdeiros dos proprietários de terras, para estudar em outros centros, muitas vezes não voltando mais às origens, deixando sem opção de continuidade o laço familiar dos coronéis que, sem domínio da tecnologia, perdem muitos dos seus espólios e domínios políticos.


Notas

[1] Pequena Palmeira espinhosa, cuja as folhasse obtêm uma fibra comprida e forte, semelhante a lã, muito comum na região.

[2] 1 REGO FILHO. Antenor. Barras, Histórias e Saudades. EDUFPI, 2007. 246 p. 35.

[3] PIMENTEL, Sidney Valadares. O chão é o limite: A festa de Peão de Boiadeiro e a domesticação do Sertão. Editora UFG. Goiás, 1997,  

[4] ABREU, João Capistrano de. Capítulos de história colonial: 1500 – 1800 & Os caminhos antigos e o povoamento do Brasil. 2ª Ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1998, p. 130

[5] MOTT, Luiz R. B. Piauí Colonial: população, economia e sociedade. Teresina, 1985.[projeto Petrônio Portela], p. 140

[6] HOLANDA, Sérgio Buarque de. História Geral da Civilização Brasileira. Tomo I, A. Época Colonial. 2º Volume. Difusão Européia do Livro, São Paulo, 1960, p. 128.

[7]  FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Editora Universidade de Brasília, 1963, p. 133.

[8]  CHAVES, Monsenhor. Obra Completa, Teresina. Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves. 2013, p. 125

[9] FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 31ª edição, [1959] 2003, p.60

[10] SOBRINHO. Barbosa Lima. Devassamento do Piauí. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1972, p. 141

[11]  FONSECA NETO, Antônio. In: Municípios Turísticos Piauienses – Barras. Teresina: Sebrae, 1996. p. 1719.

[12]  REGO FILHO. Antenor. Barras, Histórias e Saudades. EDUFPI, 2007, p. 35

[13]  REGO FILHO. Antenor. Barras, Histórias e Saudades. EDUFPI, 2007, p. 36

[14] DIAS. Claudete Maria Miranda. Balaios e Bem-Te-Vis: A Guerrilha Sertaneja 2ª edição, Teresina: Instituto Dom Barreto, p. 77

[15]  REGO FILHO. Antenor. Barras, Histórias e Saudades. EDUFPI, 2007, p 47

[16]  REGO FILHO. Antenor. Barras, Histórias e Saudades. EDUFPI, 2007, p 23




REFERENCIAS


ABREU. Capistrano de. Caminhos antigos e povoamento do Brasil. ED. Da Sociedade Capistrano de Abreu. Rio de Janeiro. Briguiet, 1930.

ABREU, João Capistrano de. Capítulos de história colonial: 1500 – 1800 & Os caminhos antigos e o povoamento do Brasil. 2ª Ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1998.

 CASCUDO. Luís da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. 11ª ed. São Paulo. Global, 2002.

CASCUDO. Luís da Câmara. Vaqueiro e Cantadores. (1939). Rio de Janeiro: Ediouro. 2000. 

CHAVES, Monsenhor. Obra Completa, Teresina. Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves. 2013. 639 p. 

CUNHA. Euclides da. Os Sertões. 12ª edição, p – 118-119. Editoria Francisco Alves, 1993. 

DIAS. Claudete Maria Miranda. Balaios e Bem-Te-Vis: A Guerrilha Sertaneja 2ª edição, Teresina: Instituto Dom Barreto. 285 p. 

FONSECA NETO, Antônio. In: Municípios Turísticos Piauienses – Barras. Teresina: Sebrae, 1996. p. 17-19. 

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Editora Universidade de Brasília, 1963, p. 133.

 HOLANDA, Sérgio Buarque de. História Geral da Civilização Brasileira. Tomo I, A. Época Colonial. 2º Volume. Difusão Européia do Livro, São Paulo, 1960, p. 128.

REGO FILHO. Antenor. Barras, Histórias e Saudades. EDUFPI, 2007.

 GAMEIRO. Alvina. Chico Vaqueiro do meu Piaui. Ed. Henriqueta Galeno. Fortaleza – Ceará, 1971. 

MOTT. Luiz R. B. Piauí Colonial: população econômica e sociedade. Teresina 1985. (Projeto Petrônio Portela). 

PIMENTEL, Sidney Valadares. O chão é o limite: A festa de Peão de Boiadeiro e a domesticação do Sertão.Editora UFG. Goiás, 1997.

 SANTANA. R.N Monteiro (org). Apontamentos para a História Cultural do Piauí. FUNDAPI. Teresina. 2003. 486 p. 

SOBRINHO. Barbosa Lima. Devassamento do Piauí. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1972



 
 
 

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