Rua Grande da Memória
- dilsonlages
- 21 de abr.
- 2 min de leitura

[Francisco de Assis Carvalho Filho]
Quando criança, na década de 1970, eu e meus irmãos passávamos férias em Barras na casa de meus avós, Seu Conrado Amorim de Sousa (Corando) e Dona Olga Fernandes de Amorim. Entre todos os entretenimentos que realizávamos, ir à casa das amigas e parentes de minha avó, as Morais, na Rua Grande, era um dos momentos mais prazerosos. Além da hospitalidade e do carinho dispensados por todas da casa, em especial a Tia Neusa, brincar no quintal era um sonho para toda criança, havia uma diversidade enorme de frutas e árvores. Lembro-me do pé de groselha, de limãozinho, de sapoti e de goiaba. Deliciávamo-nos com essas frutas: subíamos nas árvores para retirá-las.
A Rua Grande é rua de memórias imorredouras. A principal artéria onde o fluxo de pessoas, mercadorias e relações socioculturais se desenvolvem e contribuem para a organização espacial da minha cidade. É a rua apoteótica por onde se desfilam todas as manifestações; sejam elas religiosas, com suas procissões; sejam políticas, com suas passeatas, sejam culturais, pois é passagem obrigatória dos “Bois de Pano” e suas matracas, bem como, dos blocos de sujos no Carnaval.
Rua Grande e larga, com seus paralelepípedos (pelos menos assim o é na memória dos que a conheceram sem o asfalto) perfeitamente talhados em rochas areníticas e bem aplainados, sem necessidade de outro tipo de pavimentação, pois essa técnica de construção de calçamentos é mais uma característica de nossa Barras do Marathaoan, motivo de orgulho de todo barrense.
A organização espacial da nossa cidade de Barras está intrinsecamente voltada para a fazenda de gado do primeiro fazendeiro que aqui se instalou, Miguel Carvalho de Aguiar, nas margens do rio Marathaoan. A Rua Grande passou a ter uma função preponderante como via de escoamento de nossas riquezas oriundas do extrativismo vegetal (a amêndoa do coco babaçu, o pó da carnaúba e o tucum), como também da pecuária (animais para o abate, a pele de caprinos e o leite) e tantos outros derivados dessas atividades que foram os alicerces da nossa economia.
Leia toda a crônica do professor e geógrafo Francisco de Assis Carvalho Filho sobre a Rua Grande de Barras do Marataoã, na página 56:
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